Recebi pragas dum fantasma das chuvas!

Pois é! Até me apetece amaldiçoar a chuva, que por ter caído três dias sem parar (a foto ao lado é elucidativa - clique nela para saber quem é seu autor), fez vários estragos no jardim interior de minha casa. A título de exemplo: o grande ninho em aglomerado de madeira pintado, inchou de água, tornou-se pesado e despencou da parede, matando três passarinhos e esborrachando vários ovos. Estive todo dia a refazer a estética do aviário e a imaginar que criatura inteligente me teria rogado esta praga. Inteligente, porque "praga'l burro ca ta súbi céu!"

Aí que descobri, que a maldita pessoa foi a Dona Emília Savana da Silva Borba, conhecida como Emilinha Borba, por eu não ter tido a gentileza de lhe fazer no último artigo deste blog, a "efemérida" homenagem por ocasião do V aniversário de seu falecimento (a 3 de Outubro de 2005). Foi ela sim, que voltou a cantar (só para me arreliar) a sua famosa "Tomara que chova...três dias sem parar!" Oiçam-na:
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Esta cena foi tirada de um excelente filme brasileiro do tipo "chanchada" que foi o Aviso aos Navegantes.


A história se passa num luxuoso navio, onde uma companhia teatral brasileira, com Eliana e Adelaide Chiozzo, está retornando ao Brasil depois de apresentações em Buenos Aires. Na embarcação também está um príncipe que se apaixona por Eliana, mas ela só tem olhos para o imediato do navio. Oscarito, camareiro de Eliana, embarca clandestinamente no mesmo navio, onde é descoberto pelo cozinheiro da embarcação, surge entre os dois a relação de amor e ódio, cheia de implicância. A bordo há também um perigoso espião internacional, que precisa ser detido antes que todos cheguem ao Rio de Janeiro.

Este filme era muito cómico, e cada vez que vinha ao cinema da Praia era lotação esgotada. Eu vi-o umas três vezes. Suas canções são inesquecíveis, como o "Bate o Bombo Sinfrônio" e a do "Neném". Esta, interpretada por Oscarito, é impagável:
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Mas para mim, chegara a "hora de papar". Lá subi as escadas do quintal para lanchar. Mas ... a praga não tinha acabado (esta é a 2ª), adoro manteiga e esta já tinha acabado! Fiquei com as fatias de pão a abanar no ar (como o fazia Oscarito com a chupeta) e minha mulher sugere: "põe manteiga planta!". Nem pensar! riposto eu esclarecendo: "e já estou farto de dizer que planta não é manteiga  mas sim margarina!". Continuei a lição sobre os lípidos, mas já ninguém me ouvia. "Raios! quem terá inventado a maldita margarina?!" - Resposta: "Hippolyte Mège-Mouriés (Draguignan, 24 de Outubro de 1817 - Paris, 31 de Maio de 1880) foi um químico francês a quem se atribui a invenção da margarina".

Deixei para lá o pão e sentei-me a preencher o formulário de pedido de renovação de bilhete de identidade, pois ele expirou hoje! (3ª praga?, uma por cada dia de chuva). Junto à papelada que mandara buscar, vinha o substrato do próprio bilhete. De qualquer maneira, teria de ir entregar a papelada pessoalmente, pois teriam de "ver-me a assinar!" e teria de molhar o dedo na tinta para colocar a minha impressão digital nos locais apropriados. Lembrei-me logo da recente viagem aos USA, onde à entrada é obrigatório colocar os dez dedos da mão (às vezes 8) sobre uma placa de vidro, para que  com um "scanner", se faça a identificação do sujeito (sem tintas). Acho obsoleto, esta coisa da impressão digital a tinta no BI.

Em muitos países há muito que não se usam bilhetes de identificação com impressões digitais. Vontade de protestar! Mas acedi a esta exigência, tal como o fez o pai das medidas antropométricas na investigação policial, Alphonse Bertillon,  há precisamente 108 anos. Com efeito, este opositor à dactiloscopia, acabou por utilizar as impressões digitais no dia 24 de Outubro de 1902 para reunir provas contra Henri Léon Scheffer , no decorrer de um inquérito judicial. Este facto tornou-se histórico. Por isso, é com muito gosto que coloco o dedo na tinta, neste dia memorável para a criminologia [um outro Alphonse foi  também histórico  num dia 24 de Outubro (de 1931) ao ser sentenciado a 11 anos de cadeia: Al Capone]. Deixo-vos agora com um clipe sobre Alphonse Bertillon, o "Pai da Polícia Científica":

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sinto-me:
publicado por jorsoubrito às 17:14 | link do post | comentar