Kutum Ben Ben, não se trata do filho do filho da árabe Kuttum, a minha quadragésima avó (e de Amélia também) filha do profeta Maomé!
Trata-se pois deste horrendo, grotesco e implacável bicharoco que nas ilhas setentrionais cabo-verdianas também responde por "Contchinha Dóna Dóna". Notem, meus caros, a sonoridade destes nomes, bem como a da lengalenga infantil "dam papa pan dau leti"(como defendo o bilinguismo, traduzo: "dá-me papa para que te dê leite") usada pelas nossas crianças quando tentam fazer sair o energúmeno bicho de dentro do funil de areia que constrói para: apanhar, maltratar, paralisar e devorar formigas que distraidamente ali tombarem. Esta sonoridade tem o ritmo onomatopaico (virtudes da língua cabo-verdiana) dos movimentos violentos e sincopados do animal ao bombardear as vítimas com areia, bem como da sua forma de locomoção em marcha-a-trás.
Pois é, este indivíduo é uma larva de um insecto da ordem dos Neurópteros que por ser uma autêntica fera para as formigas fez com que o adulto tivesse o nome científico de Myrmeleon, ou seja o de formiga-leão.
Vejam agora um vídeo profissional da National Geographic onde se pode observar o Kutum Ben Ben em acção:
Como poderão constatar no pequeno vídeo a seguir, o animal adora andar de marcha-a-trás quando retirado da toca:
Grande amigo Zé! Fico-te muito grato pelas generosas palavras de apreço e incentivo. É notório a tua especial sensibilidade. Só tu haverias de captar a magia desses rostos traduzidos nessa luz que vai para além da qualidade do fotógrafo de então.
Estimo muito que comungues comigo a opinião da incongruência da ALUPEC com a defesa do bilinguismo. Sinto-me às vezes tímido em afirmar com mais força as minhas convicções por não ser esta a área de minha formação e não poder me valer do chamado "argumento de autoridade".
Não tenho ainda textos nesse particular, mas se os escrever, pedirei que os comentes antes de os publicar.