"Merinha" - uma vespa verde, neurocirurgiã e psicopata
Nestes últimos dias, tenho ido amiúdas vezes aos ensaios do Orfeão Sénior da Praia (ver antecedentes aqui). De vez em quando, ali se ouve uma voz aguda e esganiçada que me faz lembrar uma frase bem santiaguense: "Toma sima merinha na caxa fós !" .
Esta frase deriva da brincadeira infantil de: 1-prender o pobre insecto verde esmeralda (trata-se de uma vespa conhecida no Brasil por vespa-jóia ou em inglês por emerald jewell wasp) numa caixa de fósforos, 2-deixá-la entreaberta até que o bicho assoma a cabeça e, 3- entalar esta de imediato, fazendo com que o insecto emita um som metálico (de dor) fanhoso e sincopado.
Ora, como já o dissera, fui um coleccionador e observador de insectos. A foto que vos apresento é o de uma merinha (ampulex compressa) que passou mais de 40 anos espetada por um alfinete na cortiça que forrava o fundo da caixa onde coleccionava insectos. Lembro-me que nessa época, passava horas a observar esses verdes insectos que poisavam nas paredes de minha casa, sobretudo junto aos cantos onde havia baratas. Na realidade estas vespas são terríveis, e atacam as baratas. Injectam veneno no cérebro desses insectos para que fiquem zonzos e conduzem-nos (como cães amestrados) para seus ninhos. Colocam um ovo no interior da barata e mais tarde, a larva nascida vai comendo as entranhas da infeliz . Várias são as vespas que após se desenvolverem dentro de um hospedeiro o devoram. Essas relações são chamadas de parasitoidismo. [ver aqui] . Finda a fase larvar, a jovem adulta, sai triunfante da carcaça da barata. Vejam:
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sinto-me: