A Electra levou-me de Gatas à Gamboa
Mas que fim-de-semana! Sob o signo do 25º Festival da Baía das Gatas (ver aqui) vários acontecimentos marcantes tiveram lugar, sendo o que mais me entristeceu, o do falecimento de Raúl Solnado. Aquando do seu 79º aniversário, tive o prazer de lhe dedicar um artigo, que poderão rever aqui. Após ter ouvido a notícia na RTP-África, mudei de canal para ver em directo o que se passava na Baía das Gatas.
Coloquei a janelinha televisiva no canto superior esquerdo do monitor do PC e comecei a engendrar o artigo que iria escrever neste blog. Apetecia-me falar de Mimetismo e até publiquei no meu recente fotolog, uma fotografia que tirara de um Louva-a-Deus entre as folhas de um feto. Mal se vê o animal (assim como mal se vêem estes, duma coleccão da National Geographic).
De repente, a Electra (famigerada companhia cabo-verdiana de águas e electricidade) resolve cortar a corrente eléctrica do meu bairro, ficando eu às escuras com o rato na mão e metade do meu artigo em águas de bacalhau. Às apalpadelas fui-me deitar.
Mas quem disse que ia poder dormir? Nem eu nem ninguém em casa o pôde fazer. Os mosquitos invadiram nossos quartos e eu fui a principal vítima. Sem electricidade os ventiladores não podiam dissipar o dióxido de carbono nem evaporar o nosso suor. Assim, o dióxido de carbono por nós exalado e o suor não evaporado, foram os principais atractores dos hediondos insectos. Na realidade os mosquitos são atraídos pelo CO2 que expiramos e pelo ácido lácteo de nosso suor (sendo eu o mais volumoso, produzo mais destas substâncias e sou a 1ª escolha desses dípteros). Passei a noite, com uma lanterna na mão esquerda, a dar-lhes palmadas esborrachantes (contra a parede) com a direita, ao mesmo tempo que praguejava e exigia nosso sangue de volta.
E pensar que durante a minha puberdade já fui criador de larvas de mosquito! Tinha vários bocais onde as criava. Até gostava delas. Maluco eu? Não, fazia isso por várias razões, entre as quais a científica. Porém, a principal razão era como alimento vivo para os meus peixinhos de aquário, sobretudo para os Guppys, extraordinários animais ovovivíparos cujos machos eram um regalo para nossos olhos, tais eram as variegadas cores ostentadas pelas barbatanas e caudas. As fêmeas dos guppys são desprovidas de graça, pois acinzentadas e gordinhas passam despercebidas. Porém, são utilizadas no combate aos mosquitos em águas estagnadas de riachos, lagoas e gamboas (atenção a este nome, já volto a ele). Convido-vos a assistir este clip onde se pode ver fêmeas de guppy a caçar larvas de mosquito: